terça-feira, 3 de março de 2009

carta

cara Mente,

vagueias em questões desnecessarias,
passeias-te pelos diversos andares do purgatório
buscando uma resolução para o teu castigo!
Estás perdida em tanto sentimentalismo e melancolia,
de algo que nem sequer passou.
Esfaqueias-te incessantemente com a esperança de te esvaires
num vermelho descanço.
Em vão, abres os pulsos para sentires o calor do
abandono da tua alma, e apenas sentes o frio da lamina a
percorrer os tendões que te prendem à vida.
Mais activa durante o descanso do teu corpo, pulsas
para o consciente o desespero que te inebria o olhar.
Tentas por todos os meios sufocar o equilibrio que coabita
na vergonha e no medo de desiludir os envolventes.
"suicida-te"... "dorme para sempre"...
entoas tu sobre as pedras frias e vazias.
escondes-te do sol e das belezas envolventes, tentas viver no gélido
penar do arrastar das pesadas grilhetas, que se confundem com
a carne devido ao aperto a que foram colocadas.

Por isso cara Mente, te peço,
pousa as tuas armas e desejo ardente de vingança, sobre algo a
que és tão culpada como todos nós!

Assinado
O moribundo